06 dezembro 2015

Peter Pan e Perdido em marte


Sabe quando você senta em uma cadeira da sala de cinema toda despretensiosa pra assistir apenas mais um filme legal, mas acaba assistindo a algo que te marca de uma forma intensa? Pois então, nesses últimos meses tive a oportunidade de assistir a dois filmes grandiosos, que foram "a gota d'água" de um processo que vem a muito tempo tomando meu pensamento. Antes desses dois filmes, Once upon a time e Cidades de papel já tiveram um grande efeito em mim. Sobre esperança e sobre se sentir vivo, dois assuntos que já estavam martelando na minha cabeça. Com o fim do ensino médio, parece que a gente começa a medir a vida e pensar no que estamos fazendo certo e no que estamos errando. No que queremos levar pra vida e o que estamos deixando de aproveitar dela. Mas esses dois últimos filmes que vi, clarearam meus pensamentos. Cada um com sua característica e capacidade, mas ambos com tamanha filosofia e poder que me fizeram sentir VIVA. 

Poucas coisas nessa visa conseguem realmente nos marcar, mas quando a gente encontra, seja um livro, um filme ou algo, que desempenha esse papel parece que a vida passa a ter sentido. Se sentir vivo no meio de tanta rotina, tanta correria e tanta futilidade parece um desafio. Mas quantas vezes já paramos nossa vida tão insignificantemente importante para pensar o quanto vale viver? Mais do que isso, quantas vezes nos sentimos realmente vivos? E nessas duas idas ao cinema me senti viva de diferentes formas.

Pan, com toda a sua magia e aventura me despertou um sentimento tão gostosinho de saudade da infância, ao mesmo tempo que me trouxe a sensação de que os adultos andam esquecendo de ter algo que as crianças têm de sobra, mas que faz tanta diferença: esperança. E no meio de tanta ação, fantasia e cores de encher os olhos, o menino perdido deixou sua marca em mim, e saí do cinema com a sensação de que deveria acreditar mais. Não em fadas, piratas ou num mundo com imortalidade, mas acreditar na minha capacidade de fazer coisas incríveis. Porque cá pra nós, todos temos essa capacidade, basta acreditar. E isso é mais do que um discurso motivacional, isso é a verdade. Pan é incrível, em todos os quesitos, imagem, som, qualidade 3D, atuações, cenários, roteiro, discursos impecáveis, e principalmente, e mais importante, sua lição. As entrelinhas de sua história.

@google

Em contra partida, Perdido em marte foi um daqueles filmes que te muda de alguma forma, e eu tive a sensação de sair da sala de cinema realmente transformada. Outro filme incrível, em todos os sentidos. Matt Damon arrasou em sua atuação, Marte estava tão perfeitamente representada que achei que estivesse lá. O roteiro foi surpreendente e nada cansativo. Os diálogos são super engraçados, dinâmicos e ao mesmo tempo tão científicos e tão reais.

Mas, você deve estar se perguntando como um filme de pura ficção científica sobre um cara deixado em marte relativamente com a morte certa pode mudar alguém. E sabe onde está o detalhe mais importante dessa história? "Com a morte certa". Watney, nosso perdido em marte, não desistiu um segundo sequer, e mesmo com todas as probabilidades contra ele, mesmo em um lugar inóspito, sozinho, ele não desistiu. Lutou pela sua vida.

E eu me peguei me perguntando se eu teria feito o mesmo. Será que se fosse comigo eu teria forças e esperanças suficientes para fazer e refazer coisas para sobreviver? Será que eu teria conseguido me manter firme de alguma forma? Será que eu considero minha vida tão importante para lutar? E se fosse o meu fim, minha vida até aqui teria valido a pena? Eu teria sorrido o suficiente? Dito que amo as pessoas importantes para mim? Acreditado em mim e feito tudo aquilo que eu sou capaz de fazer? Eu teria contemplado tudo ao meu redor? Teria visto beleza o suficiente? Teria dado importância aos detalhes relevantes? Teria amado sem o desespero de ser amado de volta? Teria curtido esse amor ao invés de sofrer por não ser amada? Eu teria vivido? Mais do que isso, eu teria me sentido viva? Então, eu tentei parar para pensar por quantas vezes eu me senti assim, sentido que eu faço parte de algo importante, sentido feliz com as pequenas coisas, contemplado essas pequenas coisas! E eu percebi que tive que fazer um grande esforço para reunir um pequeno grupo de momentos em que meu coração teria se acelerado pelo motivo certo e junto com essa percepção, eu entendi que estava fazendo errado. 

Quando paramos para olhar o mundo, a observar a beleza que nos rodeia, quando rimos até não poder mais com nossos amigos, quando fazemos o que amamos fazer, quando viajamos a um lugar que não conhecemos, quando nosso coração acelera diante de um olhar, quando amamos nos sentimos vivos. As coisas que nos fazem sentir assim, são aquelas que penduram no tempo e ocupam nossas lembranças. São aquelas que quando paramos para pensar, nós trazem um sorriso no rosto. Porque é isso, a felicidade transcende. Se sente vivo quando sabe que cada momento é único. 

Então, naquele dia, na volta pra casa, eu parei pra olhar o mundo. Parei para observar a beleza. Parei vendo o por do sol e suas cores, com as luzes da cidade ganhando vida. Revi minhas prioridades, e entendi que quero fazer o que amo. Que quero amar sem esperar nada em troca, que só quero aproveitar esse amor. Quero aproveitar enquanto meu coração acelera diante de um olhar, quero pendurar lembranças no tempo. E ali naquele momento pela primeira vez, meu coração se acelerou pelo motivo certo e eu soube que aquele sorriso que estampava meu rosto tão verdadeiro e de uma felicidade tão pura é o mesmo que eu darei sempre que lembrar desse momento. E a partir de hoje, quero me sentir viva em todos os momentos, quero aproveitar cada detalhe bobo como se ele fosse a minha última oportunidade de ser feliz...

Se você está lendo isso, e de alguma forma se sentiu tocado, responda as perguntas que eu me fiz. Pense na sensação de se sentir vivo, de sentir o coração pulsar, de sentir uma felicidade plena sem motivo, de amar e só amar. E se você não conseguir juntar momentos suficientes para se sentir dessa forma. Pare! Pense. Mude. Viver todos os dias da mesma forma rotineira sem se lembrar do que vale a pena não é viver. É passar pela vida. Então não faça isso. Não se deixe levar pelo amor que não te quer, pela viajem que você não fez, pelo emprego que não conseguiu. Se sinta feliz pelo simples fato de ter uma vida, em que você ainda pode fazer muito. Em que você pode deixar de se preocupar com o que não fez e pensar no que ainda pode fazer. 

Sentiu o coração acelerar? Eu espero que sim. Então viva, só viva. E deixe que a vida passe por você. 

Eu acredito em ti! Você não?

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